“Annabelle – A Criação do Mal” | Crítica
Postado em ago. 23, 2017
Filme traz boas cenas de susto, mas há falhas que não podem ser ignoradas.
O primeiro fato que precisa ser ressaltado é que o filme supera (em vários aspectos) seu antecessor. David F. Sandberg trouxe um ar mais sombrio e menos “trash”, deixando a sequência mais semelhante aos demais filmes da franquia “Invocação do Mal”.
A originalidade do roteiro é questionável, a credibilidade de alguns fatos que ocorrem no decorrer do filme também é discutível, mas para o gênero, o longa mais agrada que desaponta.
Na sequência acompanhamos a criação da boneca maligna e conhecemos seu criador, um simples artesão que ganhava a vida confeccionando bonecas e divertindo-se com a esposa e a filha, a pequena “abelhinha”, uma menina doce e encantadora, que corria pela casa enchendo tudo de alegria e sorrisos.
Uma peculiaridade da menina é a forma como brinca de “esconde-esconde”, deixando bilhetinhos para o pai para dar dicas de seu esconderijo (se está perto ou não). Mal o público se acostuma com a rotina do artesão e já é impactado com a morte precoce de sua filha.
E o filme, que até então era um comercial de margarina, agora ganha um ar mais apreensivo. 12 anos se passam e então, após um convite do artesão e sua esposa, um pequeno grupo de órfãs é encaminhado para viver em sua casa, uma vez que não dispunham mais de seu orfanato.
Uma das surpresas do filme é que retrata uma doença antiga, que foi muito comum na época em que a história se passa: a poliomielite. Mesmo que a menina não fosse totalmente paralisada, nos compadecemos ao vê-la andar com dificuldade, auxiliada por uma bengala e uma bota ortopédica.
Até este ponto o filme é bem construído e sua narrativa é convincente, embora não exatamente original, pois já esperamos aquilo que está por vir, certo? Existem excelentes cenas de susto em que ficamos agarrados às cadeiras do cinema, porém também há fatos imensamente previsíveis e explicações inconsistentes, como por exemplo na cena em que a menina é perseguida pela entidade e grita nos corredores, na escada, por todo lado e ninguém escuta absolutamente nada. Tudo bem que é uma casa grande, mas havia outras meninas dormindo no mesmo andar que ela, praticamente porta com porta. Seria essa surdez momentânea um dos recursos do ser maligno? Achamos que sim, mas não há nada confirmado.
Um ponto positivo é a iluminação. A maioria dos filmes de terror nos faz sentir seguros se houver uma luz acesa. Já neste longa, essa segurança é questionável até mesmo ao se tomar um sol no quintal, o que é excelente, pois é imprevisível e soa bem realista, afinal que quer que seja que está atrás das meninas veio de muito longe para se intimidar com a luz do dia, correto?
Algo que ficou faltando uma explicação foi: por que 12 anos? É informado que qualquer que seja o mal que havia na casa, estava silenciado há exatos 12 anos. O que o fez acordar? Levando em consideração que, mesmo antes de ir procurar o que não perdeu no quarto da abelhinha, a pequena Janice já estava recebendo os macabros “bilhetinhos” e, além disso, o final macabro que entrelaça os dois filmes também ocorre 12 anos após os incidentes. Por que o número 12? Não foi explicado…
A fotografia e os jogos de foco também são excelentes. Dá um sentimento de inserção e da perspectiva do personagem que poucos filmes conseguem fazer. Também é muito bem feita a ligação com o primeiro filme e ainda ameniza um pouco a inconsistência do roteiro do anterior. Faz com que as coisas façam mais sentido.
No geral é um filme bom, é inegável que sua principal fonte de inspiração vem das produções originais da franquia “Invocação do Mal”, dirigidos por James Wan, e também do longa “Sobrenatural”, cuja criatura é incrivelmente semelhante à entidade que manuseia a boneca. Existem falhas e inconsistências, mas os pontos positivos são maiores que os negativos. Vale a pena assistir, especialmente para aqueles que viram o antecessor de Annabelle e acompanham a série de filmes, pois tem alguns easter-eggs interessantes.
Nota: 07