Castlevania – Netflix | Crítica
Tão incrível quanto fugaz, Castlevania traz o selo de qualidade Netflix junto com referências do game.
Postado em jul. 30, 2017
A série animada, que é baseada no jogo Castlevania III – Dracula’s Curse, traz como protagonista Trevor Belmont, que é personagem principal em Castlevania, só que em um acontecimento posterior ao que é retratado no anime, que seria uma espécie de “prelúdio” do game. A primeira temporada teve apenas 04 episódios, cada um com duração de 25 a 30 minutos.
A trama se passa em 1476, quando, após a injusta morte de sua esposa pela inquisição, Conde Drácula reúne seu exército de criaturas malignas e as comanda para atacar e extinguir a humanidade. Na tentativa de impedi-lo, um grupo de religiosos chamado de “Oradores” se une ao caçador Trevor Belmont, último descendente de uma lendária família.
Impossível não fazer comparações com outras séries baseadas em games, já que se sabe da dificuldade da indústria em conseguir adaptar estórias de jogos em outras mídias, mas a Netflix conseguiu um resultado extremamente satisfatório, seja como um anime ou como homenagem aos fãs do game (e isso tudo com apenas 04 episódios e mesmo Dracula’s Curse não tendo uma estória profunda, pois na época isso não era mais importante que a jogabilidade).
O anime traz a tradicional jornada do herói, onde a missão é imposta ao protagonista que a inicia com quase que total displicência, Trevor Belmont se preocupa em apenas beber e recostar em uma árvore, pois pensa que a raça humana não merece sua proteção e nem a que foi dada por sua família no passado. O personagem traz essa magoa pela qual seus ancestrais passaram, por terem sido expurgados pela igreja que tentou culpá-los pelo mal que assola a humanidade.
Logo no início já nos damos conta de que o vilão da série não será Drácula ou seu exército maligno, mas sim a própria humanidade. Assim que Lisa de Lupo, uma jovem com imenso desejo de ser médica e cientista, aparece na série, ela é perseguida pelas aldeias por confundirem seus trabalhos filantrópicos com bruxaria e satanismo.
O conde Drácula “simpatiza” com Lisa por não ver nela a descrença, a ousadia ou o senso de superioridade que os outros humanos trazem. Ela é humilde e gentil, um ponto positivo para a humanidade na visão do vampiro. Desta forma, com toda sua benevolência, a moça o convence a viver como um homem, sem utilizar de seus dons para viajar ou cumprir tarefas.
Porém a igreja, em plena inquisição, queimando qualquer mulher que gostasse de chá por ser bruxa, acaba decretando Lisa como feiticeira, chegando ao ponto de queimá-la viva em praça pública. Agora a raça humana terá que lidar com a ira do Conde Drácula que deseja acabar com toda a humanidade.
O traço e a iluminação do anime casam muito bem com o tema, pois traz um clima mais pesado e sombrio que a época e os acontecimentos pedem. Nas partes de ação e batalha o anime dá algumas “escorregadas” em relação a qualidade do desenho, porém é algo que passa despercebido com o envolvimento que a estória traz e a própria grandiosidade nos momentos de tensão.
Uma das referências que o anime traz é o cenário, que sempre foi muito bem retratado nos jogos, e se mantem assim na série. Isso faz com que o espectador tenha proporção das coisas que estão acontecendo, sejam corpos empilhados embaixo de pontes ou catacumbas e igrejas desgastadas. Além disso temos também as armas usadas por Trevor que são um deleite para os fãs, principalmente com o chicote, que brilha ao arrancar olhos, dedos e outros pedaços de inimigos.
Alucard também é uma das referências que o anime traz com muita maestria, o pouco tempo em que ele aparece já é suficiente para empolgar quem é fã há muito tempo e aqueles que estão chegando agora também (a aparência do personagem é uma ótima escolha, pois faz referência ao jogo Symphony of the Night).
O anime traz uma censura de 16 anos para o território tupiniquim, mas poderia ser facilmente colocado em uma censura para maiores, assim como a americana. A animação é bem sanguinolenta, para se ter uma ideia, há uma cena na qual vemos um “demônio” voando e mastigando um bebe (sim, como já dito antes o clima do anime é bem pesado).
O anime é excelente, seu único ponto negativo e que não há como passar batido é sua fugacidade, pois lembre bem, o anime tem apenas 4 episódios! Infelizmente ainda não se tem previsão para próximas temporadas que já estão confirmadas, pois o anime foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs.
Nota 08