“Thor: Ragnarok” | Crítica 

Postado em nov. 09, 2017

Homenageando Jack Kirby, “Thor: Ragnarok” traz uma aventura divertida à trilogia esquecível do herói.

Com direção de Taika Waititi, o terceiro longa da trilogia do herói da Marvel finalmente traz algo de divertido para ver. Não tinha como ser diferente, levando em consideração o histórico do Waititi em produções de comédia, porém o filme se perde nas temáticas que apresenta e não deixa claro qual caminho quer seguir como obra cinematográfica.

Assim como na mitologia nórdica, o mundo de Thor (Chris Hemsworth) está prestes a ficar em ruínas. Asgard e o próprio universo correm perigo. Hella (Cate Blanchett ), a deusa da morte, invadiu a terra natal do deus do trovão para tomar o trono e eliminar todos os asgardianos.

O protagonista acaba sendo mandado como prisioneiro para outro lado do universo onde encontra um velho amigo e agora ele deve parar o Ragnarok, que nada mais é que o fim de tudo. O filme também conta com a presença de Tom Hiddleston como Loki e Mark Ruffalo no papel de Hulk. Idris Elba aparece novamente como Heimdall e Anthony Hopkins como Odin. As novidades no elenco ficam para Tessa Thompson, que aparecerá com uma Valquíria, e Jeff Goldblum, como o Grão Mestre.

O longa é totalmente diferente dos seus antecessores, é divertido, contém muitas piadas e faz uma jornada cósmica com o herói, o que acaba se assemelhando muito com Guardiões da Galáxia . As cenas de ação são muito bem coreografadas e empolgantes, logo no começo do filme embarcamos na batalha de Thor ao som de Led Zeppelin, praticamente elevando o espectador a um entusiasmo inesperado.

Esses primeiros minutos definem genericamente qual será o tom de Thor: Ragnarok em suas duas horas de duração. Chris Hemsworth se destaca muito neste tipo de narrativa mais cômica e traz uma empatia maior do público para com o herói. A escolha do diretor agrega muito na parte divertida e homenageia Walt Simonson(Escritor de quadrinhos), que remodelou o herói nas HQs tornando-o mais “leve” e engraçado. Com um ar mais aventuresco, o filme se distancia muito dos filmes anteriores e exemplifica a famosa e recorrente “fórmula Marvel” ou “fórmula Disney” de narrar uma história.

A escolha de elenco é muito boa, principalmente com a Cate Blanchett que interpreta a vilã Hella, que mesmo um pouco mal aproveitada e com pouco tempo em tela, consegue roubar a cena com sua magnitude e presença marcante. Tom Hiddlestontambém se adéqua muito bem ao tom cômico do filme como Loki, assim como Mark Ruffalo, o Hulk, fazendo uma ótima dupla com Thor em cenas hilárias que, em sua maioria, deixam o protagonista em situações desconfortáveis. AValquíria,Tessa Thompson se enquadra bem no contexto juntamente com Jeff Goldblum, o Grão Mestre, que diverte e convence com sua excelente interpretação.

O visual do filme aposta nas cores e excentricidade, deixando tudo muito bonito e colorido. Também há muito capricho, desde as texturas de Sakkar às roupas das Valquírias, passando pelo visual do Grão-Mestre e toda sua trupe. Tudo lembra Jack Kirby, que é claramente homenageado em diversas cenas da produção.

Embora seja bem leve e engraçado, Thor: Ragnarok erra em pontos cruciais. A dinâmica entre Thor e o Loki, por exemplo, além de soar repetitiva (por ser uma aposta antiga da Marvel), não funciona, pois não consegue transitar com perfeição do drama para a comédia. A parte cômica acaba “engolindo” a relevância dos acontecimentos mais pesados que, desde o primeiro filme, se mantém sem um certo senso de urgência. Sendo assim, o longa não assume uma identidade própria, ficando com uma aparência meio corrompida, de algo que não decide por qual caminho vai seguir.

A participação do Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch) ainda que legal para os fãs, aparenta ser forçada, como se tivesse caído de paraquedas no meio da história. O pior dos erros acaba acontecendo com a vilã, que é incrível tanto em questão de poderes quanto como personagem, e acaba sendo mal aproveitada, pois os heróis são afastados e escondidos da antagonista por conta da magnitude de suas habilidades, o que causa a sensação de estarmos vendo dois filmes ao mesmo tempo, ou que um dos núcleos é extremamente parado. Além disso, o diretor aparenta ter problemas com a montagem e um certo descontrole sobre a direção de imagens do filme, que se resume em plano e contra plano, aparentando ser até uma sitcom onde o cenário não é muito explorado.

Thor: Ragnarok é claramente uma evolução para a sua trilogia, mesmo trazendo mais do mesmo sobre os filmes da Marvel e tendo pouquíssima ligação com o universo da produtora. O longa finalmente entrega algo digno do deus do trovão e agrada muito aos fãs do herói. Com uma vilã instigante, que esperamos ver em filmes futuros, personagens secundários mais cativantes e um protagonista mais empático o longa consegue divertir acima de tudo.

A intenção deste Thor, porém não é seguir os passos dos quadrinhos, o que pode revoltar os fãs mais ferrenhos das HQs, pois verão um personagem que pode ser menos sério, porém mais poderoso e engraçado como nunca, atualmente não há caminho melhor a seguir.

Nota: 7,5

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